Quais os 11 drinks que conquistaram meu coração durante o ano de 2024?
Fazer uma lista de melhores drinks é arrumar dor de cabeça garantida. Primeiro porque é revisitar mentalmente todos (ou o máximo dos) bares que visitei no ano. É tentar relembrar quais me surpreenderam e então quais me emocionaram de alguma forma.
Por outro lado, é uma alegria sem fim fazer essa Retrospectiva. Confirmar que a coquetelaria ainda tem muuuita coisa para inovar, inventar e apresentar em aromas e sabores. Perceber que esse foi o ano em que eu menos viajei nos últimos 15 anos, e que portanto, minha lista é naturalmente, mais paulistana do que eu imaginava.
Por fim, é lembrar pra mim (e para quem aqui estiver lendo) que é uma lista pessoal. Não tem nada de competição ou de julgamento. Um drink bom pra mim hoje pode estar ruim para outro amanhã, portanto, é sobre onde meu coração foi feliz e só. Aliás, que tal você elencar os seus momentos mais marcantes do ano?
Pina Drinques
Matraga, por Gabriel Szklo
Pisco, cachaça em amburana, cynar, vermute tinto, jerez fino e licor de café
Criado pelo bartender e socio da casa para a 2ª carta autoral do Pina, bar de coquetéis localizado na cidade de São Paulo. O drinque é uma releitura de negroni, porém com pisco e cachaça ao invés de gim.
A ideia foi apresentar outra faceta dos dois destilados, utilizados muito em coquetéis cítricos. o nome do drinque faz analogia ao principal personagem do conto A Hora e Vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, que passa por uma série de transformações, assim como o pisco e a cachaça no coquetel.
Onde: Pina Drinques
Rua Brigadeiro Galvão, 177 – Barra Funda, SP
Muamba Bar
Galeguinha, por Andrey Xerfan
Amaro Averna, refrigerante de limão galego, laranja e azeitona
Um cocktail cítrico, refrescante, levemente areado e bem aromático conforme explica o criador da recieta, chefe de bar do Muamba, Andrey Xerfan.
Um drink que leva apenas 2 ingredientes é sempre um mistério. E quando funciona ridiculamente bem como no caso do Galeguinha, é um deleite. A combinação de Amaro Averna e refrigerante artesanal de limão galego, com laranja bahia e azeitonas de guarnição. Para o refrigerante anota ai: 200g casca de limão galego, 500g açúcar e 500ml água.
Fizemos uma resenha do Muamba que você pode ler aqui.
Onde: Muamba Bar – Vila Container
Av. Governador Magalhães Barata, 62, Belém, PA
The Door
Sherry Lab, de Sylas Rocha
Sherry Lab, Jerez oloroso, vermute further dry infusionado com café Edevaldo Costalonga do Espresso Lab, orange bitter e amarena alcoólica.
Um drink único, seco, levemente ácido. Talvez o meu melhor drink de café do ano, talvez.
Inaugurado no começo de dezembro em uma região inesperada, o Hideout The Door é de fato um refúgio etílico em meio ao caos e carrega uma gente boa de conversa e de negócios, Sylas Rocha, Aline Araújo e Marcelo Malanconi (do Hideout Santos) e João Waarze, do grupo DRK.
Onde: Hideout The Door
Rua Fradique Coutinho, 1111, Vila Madalena, SP
Tan Tan
Soiled Dance, por Caio Carvalhaes e equipe
O drink combina Don Julio Añejo, Ketel One vodka e azeitona
Aqui nós temos um sério problema de amor e ódio. Um highball salino que me deixou saudades e toda vez que vejo a foto me enche a boca de vontade.
Fizemos uma resenha da ultima carta do Tan Tan que você pode ler aqui.
Onde: Tan Tan
Rua Fradique Coutinho, 153, Vila Madalena, SP
Caledonia
Bridgetown, 1703, por Alison Oliveira
Mount Homosexual Rum infusionado com banana da terra e pimenta jamaica, licor de banana e limão tahiti.
Capital da Ilha de Barbados, Bridgetown, 1703 é o nome do coquetel inspirado no clássico Daiquiri e temperado com os sabores caribenhos que faz parte da “Time & Place”, carta que reverencia 330 anos de história etílica em 10 coquetéis com diferentes destilados.
Fizemos uma resenha da ultima carta do Caledônia que você pode ler aqui.
Onde: Caledônia
Rua Vupabussu, 309, Pinheiros, SP
Picco
Sunomono #4, por Lula Mascella e equipe
The Glenlivet Single Malt, Irish Whiskey, óleo de gergelim e soda de pepino com tônica.
Ridículo. Ridículo e ridículo. É o que eu tenho a dizer. Em uma carta tão redondinha, com drinks implorando pra eu chamar de meu amor, como o Canollo ou o Apple Pie, eu me apaixonei pelo drink errado. Um drink refrescante e complexo, com notas ácidas e vegetais.
Ele tem carinha de quem não fica nas próximas cartas, que foi só um lance de verão, mas tudo bem, vai deixar saudades.
Onde: Picco
Rua Lisboa, 294, Pinheiros, SP
Drunks Bar
Eu juro que é o último – drink por Marlon Silva
Blends de runs com manteiga noisette, vermute seco, redução de banana da terra, limão tahiti, leite e entremet de banana da terra.
Um drink clarificado, traz notas amendoadas, frutadas e cítricas com teor alcoólico médio. Como guarnição no pé da taça um mousse de banan da terra coberta com manteiga de cacau e finalizada com pintura artesanal.
Eu cheguei no balcão, lí a carta do começo ao fim e disse para o Marlon, temos um problema. Eu quero começar com o “Último”. Tive compostura, aguardei ansiosamente a hora do sim e quando chegou, me dei por inteiro. E foi recíproco.
Onde: Drunks Bar
Rua Bandeira Paulista, 520, Itaim, SP
Paradero
Palomita, por Ricardo Barrero
O Palomita tem a intensidade da tequila premium, o frescor do suco de grapefruit e o toque inesperado da pipoca.
Pra quem não conhece o Ricardo Barrero, ou só Millhouse, já adianto. Tem mão calibrada, tem noção de espaço sensorial, sabe colocar a bola pra correr, joga bonito e faz o simples parecer mágico. Camisa 7 em qualquer bar, é garantia de vitória.
O Paloma (authentic), está ao lado do Rabo de Galo e do Queen’s Park Swizzle no meu coração. E ele deu twist tão bê-a-bá com a chegada da pipoca que roubou meu coração.
Onde: Paradero 52
Rua Antônio Bicudo, 51, Pinheiros, SP
The Liquor Retailer
Miss Daisy, por Caio Carvalhaes
Princesa Isabel Amburana, grapefruit, agave, vermute branco, azedinha e limão
Presente na seção dos Sours, o Miss Daisy é um drink cítrico, amargo e frutado com ótimo punch alcoólico e uma vontade de pedir outro na sequência.
Opa, já te contei que sou fâ de Paloma certo? Miss Daisy é aquele caso que vc tem com alguém que te lembra um antigo amor, mas no meio da nova relação, vc descobre que essa relação pode te fazer mais feliz do que a antiga. Meio que isso. Paixões avassaladoras.
Onde: The Liquor Retailer
Alameda Franca, 1151, 1º andar, Jardins, SP
Broca Bar
Ziquizira, por Rafael Câmara
White Duck Defumado, licor de caramelo com flor de sal, orgeat de amêndoas e limão siciliano finalizado com pimenta do reino.
O Ziquizira é um dos coquetéis mais vendidos da casa, um drink cítrico, amendoado e esfumaçado. Um drink que consegue inovar dentro da base clássica com uma elegância extrema. Mostra o quanto o chefe de bar Rafael Camara domina e tira o melhor de cada ingrediente. Um drink que deve sair da carta para dar espaço à novos, mas que eu vou tentar descobrir e dividir a receita aqui con você, combinad?
Onde: Broca
Rua Aspicuelta, 429, Pinheiros, SP
Rabo di Galo
Rogai, por João Brasero e Gabriel Bressane
Com notas umami, vegetais e salinas o Rogai combina Don Julio Blanco, pimentão e jalapeño queimado, tomate defumado,azeite de ora-pro-nóbis.
A nova carta, assinada pelo novo chefe de bar da casa Gabriel Bressane, usa e abusa de ingredientes regionais brasileiros, Parte dos drinks autorais da casa, está o intrigante Rogai, criado pelo bartender João Pedro Brasero, um drinque ousado, abusado e entrega tudo ou mais do que o esperado.
Onde: Rabo di Galo – Lodge Rosewood
Rua Itapeva, 435 Bela Vista, São Paulo, SP
pra não dizer que não falei dos clássicos
Por fim, não menos importante, me lembro de dois drinks clássicos surpreendentes que fizeram minha noite muito melhor.
1 – O Crimson Snapper (aka bloody mary com gin) preparado pelo Gabriel Szklo no Pina Drinques, em SP. Sem dúvidas, nunca tomei um drink com suco de tomate tão maravilhoso como esse. Se você for (vá!) me conta depois.
2 – O Vieux Carré preparado pela Cris Negreiros no Oculto Bar. É um drink maravilhoso que não devemos sair tomando em qualquer lugar. Naquele dia em especial, olhei pra Cris e sabia que period o que eu tinha que pedir. Claramente o melhor da minha vida.