Friday, December 6, 2024
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A Cultura de Photographs é um monstro que precisa ser combatido?


A Cultura de Photographs se tornou tão comum nos primeiros passos dos jovens nas festas, consolidou a tequila como um destilado de festa, mas também trouxe o estigma de um destilado inferior, que é uma falácia.

Quais os desafios que a indústria tem encontrado para romper com esse preconceito e curtir os novos produtos premium no mercado?

No início dos anos 2000, a Tequila, no Brasil, tinha como principais consumidores os jovens, universitários e frequentadores de festas e baladas, onde bebiam o destilado, em sua grande maioria, virando “photographs” com sal e limão.

Marcas de tequila perceberam o impacto dessa forma de consumo e elaboraram diversas propagandas e ações que incentivavam essa maneira de beber. Você se lembra da “régua de photographs” de Tequila que possibilitava várias pessoas tomarem “photographs” juntos ao mesmo tempo nas festas? Essa formato e essa ocasião de consumo encoraja o consumidor a beber de forma rápida e pedir mais um na sequência.

A memória gustativa – que é um dos elementos da memórias sensorial – envolve a capacidade de recordar e reconhecer sabores e aromas específicos.

Graças a ela, somos capazes de relembrar experiências relacionadas a alimentos e bebidas, associando-as à sensações e emoções particulares. Como curtir a época de caqui na sua cidade, ou ainda esperar o momento certo do ano para comer doce de mamão verde?

A memória gustativa, também tem um papel de caráter very important, onde ajuda nosso organismo a reconhecer e evitar alimentos que, de alguma forma, nos causaram algum tipo de mal, como algo estragado ou venenoso, como o sabor marcante de um leite talhado ou da massa de uma coxinha passada.

Também existe uma correlação direta da memória gustativa com emoções, como um bolo específico nos faz lembrar da infância, ou, também, um determinado prato que pode trazer memórias de um jantar catastrófico por alguma razão. Isso também ajuda a formar nossas preferências alimentares, fazendo com que tenhamos maior probabilidade em gostar do bolo e detestar tal prato, pelo “simples” fato da ocasião em que eles foram consumidos.

Mas afinal… O que isso tem a ver com o consumo de Tequila no Brasil?? Muita coisa.

Quantas vezes você já ouviu clientes dizerem que não gostam de tequila, pois o destilado é muito forte?? O que acontece na maioria das vezes é que, as particularidades desse destilado de agave são muito marcantes, como notas herbais, terrosas e vegetais, o que causava certa estranheza durante a primeira impressão dos jovens apreciadores.

Sem falar que, junto à publicidade das grandes marcas que incentivavam o consumo de “shot” de maneira rápida e repetitiva, e por consequência resultava em “porres” e ressacas homéricas.Com o passar do tempo, surgiram alguns pontos para reflexão. Os jovens envelheceram, procuraram beber com maior qualidade, e a cultura do “shot” deixou de ser tão in style.

A memória gustativa relacionada à tequila para os consumidores daquela época, remetia à algo negativo, onde simplesmente o cheiro do destilado, trazia à tona lembranças de quando passaram mal. E o corpo, como mecanismo de defesa, sinaliza para o cérebro que aquilo é algo prejudicial e deveria ser evitado.

A nova geração de consumidores busca beber com foco na qualidade do produto, já não frequentam mais tantas baladas, não são tão adeptos à cultura do “shot” e, por fim, digamos que seus pais não fizeram uma boa propaganda sobre a bebida.

A cultura das baladas, discotecas, golf equipment já não é mais tão forte como nos anos 90 e início dos anos 2000. O resultado é a redução do número dos maiores compradores do destilado que eram dos donos dessas baladas e uma descentralização do consumo, com milhares de pequenos novos bares adquirindo uma pequena quantidade para preencher a prateleira.

Podemos considerar que as grandes marcas de tequila criaram o monstro “Cultura do Shot” e agora precisam descobrir como destruí-lo para tornar a categoria mais gential com o corpo humano?

Temos visto algumas ações nos últimos tempos, como propagandas que procuram se afastar da “ideia do shot”, importação de tequilas cada vez de melhor qualidade, tentando aproximar esse consumo à mesma forma de consumo do whisky, por exemplo, o cowboy  – copo baixo com gelo, e também através do bom e velho coquetel, que é um produto que se desenvolve e tem um crescimento constante de consumo.

Principalmente na coquetelaria, as marcas acharam uma forma de impulsionar as vendas novamente, se esforçando para estabelecer um novo padrão de consumo e aumentar sua receita como acontece nos principais mercados do mundo, como Estados Unidos, maior consumidor de tequila do mundo.

Atualmente, as marcas de tequila buscam formas de fazer com que o destilado volte a ter a mesma popularidade de anos atrás, tanto no Brasil quanto no mundo, porém, através de uma propaganda muito mais voltada para a qualidade dos produtos oferecidos do que pelo incentivo à quantidade de consumo, onde os bares e, obviamente, bartenders, são ferramentas importantes para eliminar a “má fama” do destilado.

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