Amargo Obrero, um amaro e que é a argentinidade em garrafa
Conhecido pelos nuestros hermanos como o autêntico aperitivo do povo, como dizia a velha publicidade ao lado, Amargo Obrero nasceu em 1887 em Rosário, Argentina.
Foi construída por imigrantes italianos no auge das lutas sindicais do século 19 como uma reação dos operários às bebidas doces que eram consumidas pelas lessons burguesas.
O país, que é reconhecido internacionalmente pelo aperitivo Fernet (e o seu drinque Fernet & Cola) tem na tradição argentina outra bebida conhecida, o Amargo Obrero. Algo semelhante com o que a Caipirinha e o Rabo de Galo representam para o Brasil.
A bebida tem tanto apelo fashionable que ganhou notoriedade e foi declarada patrimônio cultural rosarino, onde é produzida. Já no próprio rótulo é possível ver as claras alusões às raízes do movimento obrero (operário) argentino, a começar pelas cores, nitidamente entre o vermelho e o preto. A imagem também remete ao esforço do povo operário, com uma mão segurando a foice e um sol ao fundo, sinal do nascimento de uma nova nação.
De acordo com Sebastian Tévez, um especialista em amaros e vermutes, “diferentemente das lessons sociais altas, que bebiam coisas doces e licorosas, o próprio rótulo já indica que através das cores que se trata de uma bebida amarga, com cores anarco-sindicalista e naturalmente peronistas, que vinculam sua história os os costumes sociais dos operários do século 19.” Amargo, à base de ervas e com graduação alcoólica de 19,9%, diferente dos 44% do aperitivo mais consumido no país, o Fernet.
No aroma, é possível traçar uma comparação com o Fernet, mas na boca, possui notas herbais marcantes e se torna mais adocicado e licoroso que o irmão famoso. Por muitas décadas foi produzido pela empresa Cataloni & Taconi, mas agora, é parte do portfolio da Cepas Argentinas, uma das maiores produtoras de bebidas alcoólicas do país, proprietária de marcas como Gáncia e Terma.
Além da sua versatilidade para coquetéis mais amargos, naturalmente, este amaro tem receitas básicas que podem muito bem resolver o seu fim de tarde entre amigos. Por exemplo, um drinque de assinatura da marca, que homenageia o guerrilheiro argentino Che Guevara.
El Che, combina 50% de amaro Amargo Obrero e 50% de refrigerante de cola. Já o Pico y Pomelo combina 50% de amaro Amargo Obrero e refrigerante de pomelo (grapefruit), um cítrico típico argentino.
Por fim, Pueblo Grande, que combina partes iguais do amaro e água com gás e acompanha um rodela de limão siciliano.
Essa parte da coquetelaria argentina, focada nos drinques amargos mas refrescantes é uma herança da cultura de coquetelaria italiana, que usa os bitters potáveis, amaros e vermutes como base de muitos drinques com graduação alcoólica mais baixa.
Essa bebida icônica argentina tem preços populares, por volta de 40 a 60 pesos. É possível encontrar facilmente nas grandes cidades.