Monday, August 5, 2024
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Em alto mar, com os pés no chão


Referência na hospitalidade em bares de Cruzeiros, Rick Sousa conta como é ser gerente de um bar a bordo.

Mixologista, bartender, barista, sommelier, chef, grasp blender, mestre destileiro e  consultor são alguns dos atributos de Rick. O que está no Linkedin é o que nos interessa contar hoje: Rick é “Meals and Beverage Supervisor” no tradicional Princess Cruise. Numa tradução livre ele é “Gerente de Comida e Bebida” numa companhia de cruzeiros americana. 

O escopo do cargo é comparable até a primeira onda, já que estamos falando de um trabalho em alto mar. Nele aprende-se uma nova língua e no mínimo se conhece umas 20 culturas e uns 30 países diferentes.

As vantagens são de tirar o fôlego, mas nem todos estão prontos para essa jornada. O que será preciso abdicar para viver e trabalhar no mar? 

O pequeno marujo

Filho de Creusa Leal de Santos e neto de Job Leal, um capitão de navio cargueiro do Porto de Santos que apesar de ter inspirado muito o neto, nunca incentivou a vida no mar. “Olhava professional meu avô e pensava: Quero ir professional mar, quero ir professional mar!” relembra.  

Grande parte do Ricardo, do Rick the Combine, tem nome: Neusa, sua vó. Essencial na sua vida e como ele mesmo diz “Yin-Yang”, duas forças fundamentais que se complementam.  

Com o exemplo do avô e cheio de amor de avó e mãe, se mudou para Argentina com 16 anos e com 18 retornou à Santos e do porto tomou um navio.  

Vivendo em alto mar

Já imaginou morar no trabalho? E morar com a equipe do trabalho no trabalho? Agora imagina só, passar férias com os clientes?!    

 “Estamos em um teatro, literalmente. Não é todo dia que você acorda com vontade de sorrir.” conta Rick. “Somos uma equipe de 124 pessoas e eu tenho que ter certeza que cada uma delas está apta para fazer seu trabalho, que é gerar satisfação ao cliente.” 

 Será preciso repetir isso algumas vezes para não esquecer nunca: o trabalho é satisfazer o cliente e aqui um porém gigante que é com uma condição: viver pelo menos 6 meses em navios e trabalhando. E servindo. E Feliz.  

Rick trabalha hoje uma grande escala hoteleira. O navio é só um dos departamentos do resort. Nesse caso, o terceiro maior departamento. 

9 perguntas

Qual foi o primeiro trabalho que você teve?
Como assistente de garçom num restaurante árabe na Argentina aos 16 anos. 

Qual a coisa mais importante que a coquetelaria já te proporcionou?
Tudo. Minha vida, minha casa, minha esposa, minha família. Conheço 24 países graças a coquetelaria.  

Qual o momento mais marcante da sua carreira?
Comprar a minha casa e as competições: Remaining do World Class 2020 e 2021, o Bartender Problem da licor 43 esse ano…E os micro-momentos. Só eu sei o que precisei abdicar pra conseguir todas essas coisas que resultaram em todos esses momentos.

E o momento mais difícil da sua carreira?
Ter perdido um amigo por causa de álcool e drogas e passar por um afundamento que quase me tirou a vida*, e que me tirou pessoas muito queridas. *Rick esteve a bordo do cruzeiro Costa Concordia, que afundou em 2012 na Itália.  

Qual é um grande sonho que você já realizou?
Vencer uma competição no Brasil e conhecer os fiordes noruegueses. De novo, graças a coquetelaria.  

O que te inspira?
As pessoas. Me sinto inspirado sabendo que faço diferença na vida das pessoas. 

O que você mais gosta de fazer no seu tempo livre?
Conversar com a minha esposa e minha avó. Quando de férias, gosto de viajar de carro. Fazer as malas, chamar a minha esposa e dirigir até o Rio, por exemplo. Eu gosto de fazer isso quando posso.  

Qual seu coquetel preferido?
As tatuagens nas minhas mãos respondem. Na direita, um Negroni. Na esquerda, um Previous Customary. 

Qual o seu conselho para os jovens bartenders?
Fazer o caminho correto. Não sentar na janelinha e pensar que tá tudo certo, vai chegar lá, sem estudar. Sem estudo não se chega a lugar nenhum. Não se evaluate com ninguém. Tua caminhada é diferente da do próximo.

O segredo do Rick

Qual o segredo que você vai compartilhar aqui?

Olha, vou contar o que me faria abrir mão da vida em alto mar. Hoje eu tenho essa resposta. Provavelmente um filho me levaria a tomar essa decisão. Ou então abrir meu próprio bar. Nos dois casos, isso só aconteceria por causa da minha esposa Yasmin, por quem tenho um carinho e senso de parceria enorme. Aliás, quem sabe isso não está mais próximo do que parece!

drink do Rick

Cartagho

60 ml de licor 43 Authentic
40 ml de café L’OR
30 ml de purê de pitaya
30 ml de suco de maçã

Coloque todos os ingredientes em uma coqueteleira com cubos de gelo e bata bem por cerca de 25 segundos.
Coe duplamente para uma taça coupe previamente resfriada. Finalize com três fatias de maçã verde, simbolizando as 3 nações que passaram por Cartagena.

Para o café na French Press 
Use 25 gramas de café moído para french press (prensa francesa) para 100 ml de água (a 86 ºC ) com 3 minutos de extração.



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